Vinhos e boas comidas para petiscar em agosto
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No tempo quente, não há nada melhor do que cozinha simples com os bons sabores da nossa gastronomia.
Publicado em 08-Ago-2023
Se há coisa que gosto mesmo de fazer é petiscar na companhia de um bom vinho, servido no copo e à temperatura certa, sobretudo quando o faço com uma boa vista em casa, na companhia de amigos. Em agosto são, por exemplo, as saladas de polvo, ovas e orelha, sempre boas para compartilhar na companhia de um vinho de Alvarinho, tal como acontece com os chamados camarões de Espinho ou as gambas brancas cozidas, borrifadas com flor de sal ou fritas em azeite com alho e piripíri, e regadas depois com lima ou limão para acrescentar frescura. A moxama de atum é indispensável no tempo quente, talvez porque tenho família algarvia, mas já na companhia de um rosé como o que indico em baixo, tal como uns carapaus ou umas cavalas alimadas, que devem ser saboreadas devagar para sentir bem o prazer que dão. Tudo sempre com tempo, e de preferência numa mesa posta cá fora, para sentir melhor o benefício de estar em férias.
Cozinha simples
No tempo quente nada há como a cozinha simples, que gosto sempre de saborear, durante o mês de agosto. Passo quase sempre em Lisboa porque geralmente não está cá quase ninguém, com exceção do início do atual, e parece que o trânsito tirou férias. Também acontece quando gozo as ditas em Portugal, seja no Algarve, onde vale sempre a pena ir, pelo menos para mim, ou noutra qualquer zona do país. As amêijoas e as conquilhas à Bulhão Pato são indispensáveis, tal como as lulinhas ou chocos fritos ou a sardinha assada, que gosto de ir comer a Setúbal, porque somente conheço um restaurante onde são muito satisfatórias em Lisboa, tanto na qualidade como na assadura.
Gosto também imenso de ostras e perceves, ainda com aquele cheiro e sabor a mar que apetece sempre apreciar, arroz de lingueirão ou berbigão, sobretudo na companhia de carapaus e/ou petingas ou biqueirões albardados fritos. E de pastéis e pataniscas de bacalhau com arroz de tomate ou de feijão, tudo pratos que é difícil de parar de repetir.
Depois, há muitas vezes secretos ou tirinhas de porco preto na grelha nas minhas escolhas, ou um bife da vazia, de preferência mal passado, sempre com batatas fritas e mais esparregado, salada mista e grelos ou brócolos a acompanhar. São sempre melhores com os vinhos certos, entre eles o tinto de Borba que selecionei este mês.
Mas há mais coisas que me fazem perder, como um presuntinho ou paleta de porco ibérico ou bísaro, chouriços fumados, queijos de ovelha ou cabra nacionais, de preferência secos ou meio secos, mas também de Espanha, já que gosto muito de um bom Manchego e de um Idiazabal, este produzido no Norte de Espanha a partir de leite de ovelhas das raças autóctones latxa e carranzana. São sempre boas companhias para petiscar à mesa de forma distraída em qualquer altura do dia, para mim, de preferência com pão algarvio ou alentejano, tal como umas boas azeitonas, britadas ou não. São algumas das minhas sugestões de aromas e sabores para degustarem à mesa, de preferência com gente boa, para que a conversa seja tão agradável como os vinhos e a comida. Boas férias do tempo quente.
Barranco Longo Arinto
Produtor: Barranco Longo
Castas: Arinto
Ano de colheita: 2020
Um vinho em que se salientam notas florais, de fruta citrina e um toque de acácia. Muito fresco e com acidez marcada, tem alguma textura e é longo na boca. Um branco para amêijoas ou conquilhas à Bulhão Pato, ceviche, mas também para arrozes de berbigão ou lingueirão, por exemplo, que ficará bem com camarão frito ou cozido. Servir a 10-12 ºC no copo.
Barão do Hospital Reserva
Produtor: Falua – Sociedade de Vinhos
Castas: Alvarinho
Ano de colheita: 2020
Vinho branco de aroma contido, no qual se salientam notas citrinas e de chá. Boca fresca, com textura e longa, muito equilibrada. Um vinho que pode ser guardado ou apreciado já. Servir a cerca de 12 ºC na companhia de peixes assados, ostras e perceves ao natural, mas também moxama de atum, por exemplo, ou presunto ibérico com um par de anos de cura pelo menos.
Adega Ponte da Barca Reserva dos Sócios Branco
Produtor: Adega Cooperativa de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez
Castas: Loureiro
Ano de colheita: 2018
Vinho verde de aroma fresco, em que se salientam algumas notas de fruta citrina e de caroço, e de fruta seca a lembrar amêndoas. A boca é fresca, com acidez marcada, alguma textura e final longo. Boa companhia para pratos de peixe grelhado e cozinhado, camarões cozidos e alguns queijos secos. Servir a 10 ºC no copo.
Assobio Rosé
Produtor: Murças
Castas: Touriga Nacional, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Rufete
Ano de colheita: 2022
Vinho rosado da região do Douro, de aroma contido e fresco, no qual se salientam notas de framboesa, especiarias (pimenta-branca e noz-moscada) e algum rebuçado. Boca fresca, com alguma textura e boa acidez, com final longo e persistência de notas de framboesas. Um vinho para a companhia de pratos de peixe grelhado, que fica muito bem com sardinha assada, mas também cozinhados, como lulas recheadas com batata frita e salada ou choquinhos fritos. Vai também bem com peixe frito. Sirva-o a 10-12 ºC no copo.
Adega de Borba Tinto
Produtor: Adega Cooperativa de Borba
Castas: Aragonês, Syrah e Alicante Bouschet
Ano de colheita: 2021
Tinto alentejano de aroma contido, em que se salientam notas de fruta silvestre, pimenta-branca, caixa de charutos e pedra molhada. Boca com corpo e estrutura de tanino fino, equilibrada e longa. Um vinho para a textura da carne, que ficará bem com carnes vermelhas grelhadas, estufadas e assadas no forno. Experimente-o com pianinho no forno na companhia de puré de batata e ervilhas estufadas, ou com uma bela costeleta de vitela grelhada, regada com um fio de azeite e alho. Sirva-o a 16 ºC.
Por C-Studio / Cofina Media