O que é a educação ambiental?
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Publicado em 03-Nov-2025
A educação ambiental ensina a proteger o planeta através de hábitos sustentáveis e consciência ecológica. Promove o respeito pela natureza, o consumo responsável e a ação individual e coletiva para garantir um futuro mais equilibrado e sustentável.
A proteção do meio ambiente e dos ecossistemas é o tema do momento.
A desflorestação, a poluição ambiental, a dependência excessiva de combustíveis fósseis ou a disseminação de microplásticos nos oceanos são pesados fatores que têm vindo a contribuir para uma desregulação completa do clima, promovendo eventos meteorológicos extremos e adversos que colocam em perigo a vida na Terra.
Felizmente, a consciência da Humanidade relativamente ao papel que tem vindo a desempenhar na alteração das condições de vida no planeta tem vindo a crescer, especialmente nas novas gerações, mas ainda há muito trabalho pela frente, um trabalho que só poderá ter bons resultados se passar pela educação ambiental de todos.
Definição de educação ambiental
O que se entende por “educação ambiental”? Na prática, trata-se de um processo através do qual se pretende que cidadãos de todas as idades ganhem consciência da sua relação com a Natureza, promovam ações que a protejam, compreendam os problemas ambientais e adotem práticas e estilos de vida sustentáveis.
Este é (ou deveria ser, pelo menos) um ato contínuo cujo intuito é desenvolver valores, conhecimentos, competências e atitudes que garantam um futuro socialmente justo, ambientalmente equilibrado e, sobretudo, sustentável.
Além de privilegiar a prática e a experiência pessoal em linha com as necessidades globais (agir localmente, pensar globalmente), a educação ambiental inclui áreas tão diversas como:
- A conservação da natureza e dos ecossistemas;
- O consumo responsável e a eliminação do desperdício;
- A gestão de resíduos;
- A premente mitigação das alterações climáticas através da redução das emissões de gases de efeito de estufa.
Os principais objetivos da educação ambiental
Como referimos, os principais objetivos da educação ambiental passam por ganhar consciência da importância da proteção e da conservação da Natureza, a par de uma mudança de comportamentos com vista a um desenvolvimento sustentável, mas há mais:
- Sensibilizar para a Ética e a Cidadania: os cidadãos devem consciencializar-se de que as suas ações têm influência direta sobre o meio ambiente e aprender a adotar, nesse sentido, uma postura quotidiana com vista à sustentabilidade ambiental e social;
- Promover o consumo e a produção responsáveis: da parte dos cidadãos, a educação ambiental visa a adoção de comportamentos sustentáveis, como reduzir, reutilizar e reciclar, ao passo que as empresas devem pautar a sua ação por um modo de produção que aposte em materiais reciclados, processos de produção sustentáveis e fornecedores locais, por exemplo;
- Educar para a importância da água: através da compreensão das consequências do atual modelo económico neoliberal, os cidadãos devem perceber a importância da valorização da água para a sustentabilidade e para a viabilidade do planeta enquanto lar comum a todos;
- Promover o desenvolvimento de ferramentas críticas: incentivar os cidadãos a desempenharem um papel ativo na defesa do planeta, ajudando-os, nesse sentido, a desenvolver ferramentas de ação com base num pensamento crítico, capaz de potenciar a resolução de problemas ambientais complexos;
- Compreender a biodiversidade: de uma visão antropocêntrica (o Homem no centro do universo), deve passar-se para uma ideia de interconexão global em que se conheçam as principais ameaças à biodiversidade e se reconheça a urgência da preservação ambiental.
Exemplos práticos no dia a dia
A questão da educação ambiental não é meramente teórica, igualmente contemplando uma importante componente prática que pode e deve ser concretizada todos os dias e que passa por:
- Tomar banhos mais curtos, reutilizar a água da máquina de lavar e da chuva e fechar sempre a torneira ao escovar os dentes;
- Não deixar eletrodomésticos em standby, apagar as luzes quando se transita entre divisões da casa, reduzir a potência elétrica contratada (se possível) e apostar em fontes de energia limpa;
- Utilizar os transportes públicos em detrimento do automóvel próprio e procurar substituir o último por um veículo 100% elétrico;
- Reduzir o consumo, optar por produtos não embalados em plástico, diminuir o desperdício, separar o lixo, reutilizar os materiais e criar um ponto de compostagem em casa;
- Criar uma horta, dar passeios pela natureza e participar em iniciativas de limpeza de espaços públicos (margens dos rios, parques, etc.) e plantação de árvores;
- Incentivar a troca ou doação de roupas, livros e brinquedos que já não se utilizam, comprar roupas em segunda mão e realizar atividades lúdicas ligadas à conservação da natureza, tais como pontos de alimentação para animais abandonados/selvagens ou casas para pássaros.
O papel das escolas e instituições na sustentabilidade
A educação para o ambiente, tal como acontece noutras áreas da nossa sociedade, deve ser incentivada na escola.
Os anos formativos são essenciais para que a ligação entre a sustentabilidade e a educação se fortaleça, por exemplo, através da iniciação a pequenas práticas de reciclagem e contacto orientado com a Natureza, de modo a criarem-se laços que, posteriormente, possam consubstanciar-se em ações ecológica e ambientalmente responsáveis.
A importância da educação ambiental é tal que não deve ficar-se apenas pelos bancos da escola ou pelas ações e contributos oriundos de cidadãos individuais.
Também o Estado, através de apoios, legislação e promoção de práticas sustentáveis, e as empresas, responsáveis por grande parte da poluição ambiental, da predação de ecossistemas e do desperdício, são chamados a desempenhar um papel ativo na defesa da sustentabilidade.
No caso específico das organizações, pede-se que procurem fontes de energia limpa (solar, eólica, etc.), substituam processos analógicos por digitais, apostem em veículos 100% elétricos, reduzam o desperdício, invistam em estações de tratamento de resíduos de última geração e procurem assegurar cadeias de fornecimento que tenham em conta a sustentabilidade dos produtores e das comunidades em que estes se inserem.
Porque a educação ambiental é essencial para o futuro?
Não existe Planeta B.
Estamos num ponto crítico no que diz respeito ao lar comum a que chamamos “Terra”. Um grau a mais na temperatura média do planeta dará origem, entre outras consequências, a um significativo aumento do nível dos mares, resultando na submersão de ilhas e zonas costeiras e na origem de milhões de migrantes climáticos.
Para além disto, as alterações climáticas colocam em risco colheitas e secam terras férteis, expondo ainda mais milhões de pessoas à fome.
Como se tudo isto não chegasse, os recursos da Terra para um ano esgotam cada vez mais cedo, o que significa que o peso da Humanidade e do desenvolvimento baseado em combustíveis fósseis e no crescimento infinito é cada vez mais insuportável.
É aqui que entra a educação ambiental, não como uma panaceia que tudo resolverá instantaneamente, mas como um guia teórico-prático que promove a consciencialização da população e dos agentes económicos sobre a importância da sustentabilidade, de modo a assegurar que o nosso lar comum tenha futuro.