Vinhos para partilhar com os irmãos Vinhos para partilhar com os irmãos

Vinhos para partilhar com os irmãos

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Como é evidente, devem estar de acordo com os seus gostos e a comida que se vai partilhar, e proporcionar prazer a quem os bebe.


Publicado em 30-Mai-2022 por José Miguel Dentinho, jornalista

O dia 31 de maio é o dos irmãos e irmãs, é claro. Tenho três, que vivem em Faro, e partilho com elas mesas de refeições que se prolongam quase sempre no tempo quando vou até ao Algarve. Costumam estar cheias de coisas boas, porque não falta, felizmente, quem goste e saiba cozinhar na minha família, inclusive de diversos vinhos que levo comigo de Lisboa até Faro, porque as coisas boas para os sentidos são sempre melhores quando são partilhadas. E nem é nada difícil a seleção, porque a mais velha gosta de brancos e tintos, a do meio, espumantes, e a mais nova, tintos.

A mais velha prefere-os mais complexos, de qualidade, geralmente do Douro ou Alentejo, aqui e além com incursões sobretudo ao Dão, Bairrada e Setúbal, que eu sugiro sobretudo porque é preciso afugentar os dogmas de que só há vinhos bons em determinadas regiões, quando há em todas. Claro que os brancos são essenciais, porque há sempre um marisquinho para partilhar, desde os bivalves da Ria Formosa aos camarões da costa que vou comprar à Praça de Olhão, ou ao pequeno mercado municipal de Lepe, cerca de 20 km para lá do rio Guadiana, onde também gosto de ir pela qualidade e frescura do peixe e marisco, pela viagem e porque me sabe sempre bem ir até um tasco de beira de estrada que se chama Jamón Jamón, que tem sempre bons vinhos a copo, belos queijos de ovelha e presuntos e paletas de ibérico que valem a viagem. Os tintos são para os franguinhos que o meu cunhado assa como ninguém, carnes de vaca grelhadas ou o pianinho assado no forno da mana, que vale a migração até ao Algarve. A minha irmã do meio, que também é uma cozinheira de mão-cheia, gosta sobretudo de espumantes, com todo o tipo de comida, como eu. Por isso levo sempre alguns para partilhar com ela, como os dois bairradinos abaixo, que são feitos sob supervisão de um dos enólogos que melhor os sabe fazer em Portugal. A mais nova, que aprecia sobretudo tintos, não é esquisita, mas tento sempre que prove coisas como as que sugiro abaixo.

Refeição petisqueira

Depois tenho mais dois “manos” e uma “mana” que também gostam de bolhas, apesar de um deles, que já está reformado e pesca como ninguém, também gostar de brancos frescos e elegantes, que ficam muito bem com berbigões ou ostras da Ria Formosa, que nunca dispenso quando vou até lá abaixo. Com outros dois, que moram lá para os lados de Loulé, tenho sempre uma refeição épica petisqueira, que começa pelo espumante e termina com um tinto complexo, com estrutura, mas fresco e elegante como os dois que sugiro este mês. E temos os outros dois que costumam estar por Monte Gordo quando estamos de férias pelos reinos dos Algarves, que gostam sobretudo de brancos, para a companhia do peixe grelhado que costumamos partilhar, a seguir a uma jornada de boa conversa na praia. Se forem sardinhas, levo sempre rosés tranquilos ou espumantes, porque são, para mim, os vinhos que melhor lhes fazem companhia.

Costumo pensar sempre nos vinhos que levo para o Algarve quando vou estar com as minhas irmãs e outros “manos”, e seleciono uma parte significativa do que levo, em função de cada um deles e das refeições que costumamos partilhar. São vinhos como os que se seguem

Espumante Sublime Branco

Produtor: Quinta dos Abibes Vitivinicultura
Castas: Arinto
Ano de colheita: 2011
Tempo de estágio sobre borras: 48 meses

Espumante fino, fresco e elegante, com boa mousse na boca, onde é longo e complexo, com notas de pão e brioche no final e um toque citrino de lima e limão. Abra, para companhia, umas ostras ao natural, da Ria Formosa ou da Ria de Alvor, e vá bebendo devagar, com boa conversa, apreciando a conjugação entre os dois. Depois, um casquinho de sapateira, ao natural, só com a carne das patas do bicho misturada com o conteúdo do casco. No final, e apenas porque, para mim, teria mesmo de ser para este espumante, umas costelinhas de leitão assado à moda da Bairrada, aqui e além com uma batata bem frita, até que nada sobrasse para além de estar a usufruir do tempo em boa companhia. Sirva-o a 6-8 ºC num copo de vinho branco.

Vinhos para partilhar com os irmãos | Unibanco

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Espumante Lagoa Velha

Produtor: Quinta da Lagoa Velha
Castas: Chardonnay, Bical, Arinto e Baga
Ano de colheita: 2019
Tempo de estágio sobre borras: Mais de nove meses

Espumante produzido segundo o método clássico, com bolha fina e persistente, de cor citrina e aroma em que se salientam notas citrinas e de fruta branca. Na boca, é fresco, cremoso e persistente. Servir entre os 6 e os 8 ºC na companhia de ostras e perceves, arrozes de peixe sem tomate, ou, por exemplo, filetes de biqueirões ou sardinhas albardadas com arroz de berbigão. Se for numa esplanada com vista para a Ria Formosa, enquanto a maré enche, ainda melhor.

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H.O. Reserva Branco

Produtor: Menin Douro Estates
Castas: Arinto, Viosinho e Rabigato
Ano de colheita: 2020

Vinho de cor citrina, com algum floral no nariz, notas citrinas a lembrar lima e limão, minerais e ameixa branca. Na boca, é fresco, elegante e envolvente, com final longo e persistente, com notas citrinas e minerais. Um vinho para ser bebido entre os 10 e os 12 ºC no copo, agora ou durante mais alguns anos, na companhia de queijos secos de vaca ou ovelha ou umas fatias de presunto serrano com mais de 18 meses de cura. Ficou muito bem com filetes de peixe-espada-preto com arroz de frutos secos.

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Três Bagos Reserva Branco

Produtor: Lavradores de Feitoria
Castas: Viosinho, Gouveio e Rabigato
Ano de colheita: 2021

Vinho branco do Douro, fresco, no qual se salientam notas citrinas, de fruta de caroço e de natas de leite. Na boca, é envolvente e longo, com alguma estrutura e frescura, com persistência das notas citrinas. Um vinho para a companhia de lingueirões na chapa ou à Bulhão Pato e outros bivalves, uma bela salada de rúcula com queijo mozarela, frango e nozes e massas frescas com queijo e frango e um toque de cebolinho.

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Quinta da Romaneira Touriga Nacional

Produtor: Sociedade Agrícola da Romaneira
Castas: Touriga Nacional
Ano de colheita: 2018

Produzido na região duriense, este tinto de aroma fino, em que se salientam notas de frutos do bosque e amoras, mostra, na boca, elegância e frescura, e um final longo e persistente no qual se salienta fruta madura. Um vinho para a companhia de um rosbife com arroz de manteiga e esparregado de grelos, que ficará bem com pratos mais sofisticados de carnes vermelhas, ou uma simples posta grelhada. Servir a 18 ºC no copo.

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Montes Claros Garrafeira Tinto

DOC Alentejo 2014 Tinto
Produtor: Adega de Borba
Castas: Trincadeira, Aragonês, Syrah e Touriga Nacional

No seu aroma contido e complexo, salientam-se os aromas de esteva, e de frutos vermelhos e do bosque com um toque de pimenta e de caixa de charutos. Um vinho com volume, estrutura, que é também fresco e longo, com persistência de frutos do bosque. Uma bela relação qualidade-preço. Sirva-o a 16-18 ºC, depois de decantado, na companhia de carnes grelhadas e assadas no forno.

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