Vinhos para as férias de 2023
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Uma seleção a pensar nas iguarias que se comem em casa quando estamos de férias com a família.
Publicado em 13-Jul-2023 por José Miguel Dentinho, jornalista
Se há coisa que gosto mesmo de fazer é saborear boa comida e petiscar na companhia de um bom vinho, servido no copo e à temperatura certa, sobretudo quando o faço em casa junto da família e dos amigos.
Em tempo de férias em Portugal, nada como levar na mala, para o apartamento alugado, uma boa seleção de vinhos como a que fiz para este mês. Foram especialmente escolhidos, entre os que provei nos últimos tempos, para a companhia das iguarias que gosto mais de comer quando estou no Algarve, de férias, a saborear dias bons nas minhas praias únicas e acompanhado da família e de alguns dos meus bons amigos.
A qualidade do produto é essencial
Uma das coisas que tento fazer primeiro é ir até à praça de Olhão, a terra de origem da minha família, para me sentar de novo na esplanada onde gosto sempre de voltar, e comer aquele exemplar de tosta sedutor e saboroso que me encanta sempre. Depois, ou enquanto espero, dou a minha volta à zona do peixe, sempre com mais de uma passagem para ver o que há e verificar o nível de frescura dos peixes, o que é indispensável. A seguir é a compra de mariscos, como as gambas brancas e vermelhas da costa, que até como cruas, apenas regadas com limão e temperadas com raspas da casca se tiver a certeza da frescura. Mas são geralmente cozidas ou fritas.
Choquinhos e/ou lulinhas para serem fritos à moda do Algarve são indispensáveis, tal como pescada fresca, carapauzinhos e petingas para fritar e sargos, douradas ou pargos para assar no forno, já que os grelhados são para comer fora, feitos por quem realmente sabe. Depois há o atum, porque não há uma ida ao Algarve sem uma dose feita de cebolada, e as ovas frescas de pescada, porque não há melhor para uma salada das ditas, tal como um polvinho ou dois.
Claro que há que levar fruta e também batatas para cozer e fritar, tomate, cebola, pimento e pepino para as indispensáveis saladas montanheiras, temperadas com os orégãos levados de casa ou comprados, tal como o carolo de milho para o xarém, no mercado dos lavradores de sábado. São usados sobretudo nos jantares, já que o dia serve acima de tudo para fazer praia, caminhadas, beber umas cervejinhas bem frescas e almoçar fora, nomeadamente peixe grelhado e frango assado nos sítios do costume. Claro que há sempre tempo para um bifinho da vazia ou um entrecosto grelhado ou no forno, que são excelentes parceiros dos vinhos que sugiro.
Escolhas para vários momentos
Como não dispenso espumante, selecionei para esta crónica um bairradino de uma casa tradicional da Bairrada, por ser muito elegante, distinto e harmonioso. Depois um branco alentejano com frescura e alguma estrutura e corpo, para os pratos de peixe e marisco mais cozinhados, um branco do Douro, fino e elegante, com perfil semelhante ao rosé do Dão a não ser, como é evidente, no que respeita aos aromas. Entre os tintos, também selecionei um Douro e um Alentejo, que são boas companhias para diferentes momentos com a comida. Para terminar, um belíssimo Tawny do Douro, que é sempre bom parceiro para um fim de tarde a seguir à praia, na companhia de frutos secos e com uma bela paisagem como fundo. Boas férias.
Espumante Caves S. João Primeira Reserva
Produtor: Caves S. João
Castas: 25 variedades diferentes
Ano de colheita: 2020
Espumante produzido na região da Bairrada, de cor citrina e bolha fina. No seu aroma fresco, contido e elegante, salientam-se notas de flores brancas, tangerina, fermento e alguma mineralidade calcária. A boca é muito elegante, fresca e longa. Servir a 10 ºC na companhia de presunto pata negra, salmão fumado, ostras abertas ao natural, etc.
São Luiz Winemaker Collection Grande Reserva
Produtor: Sogevinus Fine Wines
Castas: Folgazão e Rabigato
Ano de colheita: 2018
Branco de aroma contido, fresco, em que se destacam notas de flores brancas, fruta de caroço e palha seca, mais alguma especiaria da madeira. Boca elegante, fresca e harmoniosa, com alguma untuosidade e textura e um final longo. Servir num copo de vinho branco a 12-14 ºC, na companhia de camarão da costa cozido, amêijoas e conquilhas à Bulhão Pato ou uma canja de amêijoas, por exemplo.
Esporão Reserva Branco
Produtor: Esporão
Castas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro
Ano de colheita: 2022
Branco alentejano de aroma fresco, no qual se salientam notas de laranja, alperce, maracujá e especiarias. Boca com volume e frescura, longa, com algum amargo final da madeira, que o torna apetecível para pratos cozinhados de peixe e marisco, como arroz de lingueirão ou a cataplana tradicional, mas também de queijos secos.
Taboadella Caementa Rosé
Produtor: Taboadella
Castas: Tinta Roriz
Ano de colheita: 2022
Vinho do Dão de aroma contido, fresco, em que se salientam notas de florais a lembrar alfazema e violetas e algum fruto silvestre e preto. Boca elegante e fresca, com algum volume e textura e final longo. Um vinho harmonioso e equilibrado, que pode ser saboreado na companhia de atum braseado, temperado com molho de iogurte, alho e vinho do Porto, ou de cebolada, na companhia de batatas cozidas e legumes. Mas também vai bem com carapauzinhos ou petingas fritas com xarém, e/ou outros pratos simples do tempo quente, como carnes e peixes grelhados. Sirva-o a 12-14 ºC no copo.
Menin Douro DOC Tinto
Produtor: MWC
Castas: Touriga Franca
Ano de colheita: 2020
Tinto produzido na região do Douro a partir de uma das suas castas mais carismáticas. No seu aroma salientam-se a fruta silvestre, a amora madura, alguma casca de pinheiro, especiarias e pedra. A boca é fresca, elegante, muito harmoniosa e longa, com persistência de notas de castanha e madeira encerada. Um belo vinho para a companhia de carnes vermelhas, como um bife da vazia com pimenta, ou com natas e cogumelos, um pouco de esparregado e batata frita fininha. Sirva-o a 18 ºC no copo.
Ravasqueira Reserva da Família Tinto
Produtor: MWC
Castas: Syrah e Touriga Nacional
Ano de colheita: 2021
No aroma deste tinto alentejano salientam-se especiarias como pimenta-preta e noz-moscada, fruta fresca silvestre, bosque e uma nota de cânfora. A boca é equilibrada e fresca, com estrutura de tanino firme e final longo, com persistência de notas de fruta silvestre e preta, bolota e nozes. Um vinho para pratos carne vermelha e caça, que ficará bem com queijo alentejano seco no final da refeição. Sirva-o a 16 ºC.
Vasques de Carvalho Porto Colheita Old Tawny
Produtor: Vasques de Carvalho
Castas: As tradicionais do Douro
Ano de colheita: 2004
No aroma deste vinho do Porto salientam-se notas de frutos secos, a lembrar figos e amêndoas. A boca é volumosa, com corpo e frescura e final muito longo, com persistência de notas de geleia de ginja e figo. Gosto sempre de levar comigo um vinho como este, doce e guloso, para saborear ao final de tarde na companhia de queijos de pasta mole e frutos secos. Mas também fica bem com os bolos de chocolate e de nozes cá de casa. Servir a 15-16 ºC no copo.
Por C-Studio / Cofina Media