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Qual o vinho para o seu hambúrguer?

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Nada como a companhia de um tinto para sentir ainda mais prazer enquanto saboreia um estilo de comida que começou na Mongólia.


Publicado em 26-Mai-2023 por José Miguel Dentinho, jornalista

O hambúrguer é, talvez, o maior símbolo do fast food de todo o mundo. Há, hoje, muito mais comida feita do género, desde as pizzas aos nuggets de frango, passando pelas pitas recheadas, pelos cachorros-quentes e outras tantas coisas, que pode ser encontrada nas prateleiras de congelados dos supermercados e comprada em negócios que vão desde pequenas lojas a cadeias especializadas de restaurantes, algumas bem conhecidas por todos nós.

Durante este mês comemora-se o Dia Mundial do Hambúrguer, prato de comida rápido de fazer e barato, celebrizado em todo o mundo. Mas não foram os norte-americanos que o criaram, longe disso. Nem se sabe ao certo se foram eles que lhe acrescentaram o pão e fizeram uma sandes com base no prato levado para os Estados Unidos por emigrantes alemães, aparentemente oriundos da zona da cidade de Hamburgo. Cerca de 20 anos após ter entrado nos Estados Unidos no início do século passado, foi criada a White Castle, a cadeia responsável pela conceção do negócio de preparação e venda de comida rápida e fácil de preparar, conhecida hoje como fastfood, que ainda hoje está aberta do outro lado do oceano. Foi o primeiro passo para a popularização deste negócio, primeiro nos Estados Unidos, e depois um pouco por todo o mundo.

A história desta forma de fazer a carne parece ter começado no século XIII, quando os soldados dos exércitos de Gengis Kahn, o grande imperador mongol que uniu o país, começaram a transportar a carne dos animais que matavam entre a sela e o dorso dos seus cavalos, que se ia tornando, com o passar do tempo, numa pasta, que era depois prensada e moldada em formato de bolacha para lhes servir de alimentação. Com o passar dos anos, o processo de amassar a carne foi sendo difundido pela Ásia e Europa até que, no século XVII, um talhante de Hamburgo decidiu passar a moer a carne, temperá-la e modelar pequenos bifes arredondados, que rapidamente se popularizaram por serem saborosos e baratos.

O meu primeiro contacto com um hambúrguer, que me lembre, foi no Sandwich Bar, espaço aberto na Costa de Caparica desde 1974. Experimentei o original da casa pela primeira vez cinco anos mais tarde, quando já andava na universidade, e nunca mais deixei de o repetir quando ia à praia, antes de apanhar o autocarro de regresso. É grelhado na chapa, leva cebola e uma azeitona verde espetada num palito e ainda hoje é, para mim, delicioso. Agora acompanho-o com cerveja, mas naquela época era sempre uma cola, mais as batatas fritas, que eram bem melhores do que as atuais.

A grande vantagem, para mim, dos hambúrgueres, pelo menos aqueles que como em casa, é que podem ser sempre deliciosos, sobretudo se tivermos alguns cuidados na preparação. Posso mandar fazer no talho, geralmente de mistura de carne de vaca e porco com alguma gordura para terem sabor, ou simplesmente comprar a carne moída e moldá-los em casa antes de os fazer, quando tenho tempo e paciência para isso. Depois, é conforme as coisas correm e o tempo que há para preparar a refeição. Se os fizer em versão fastfood, quando há pouco tempo para os preparar entre o final do trabalho e o início da refeição, geralmente grelho-os na frigideira bem quente e só tempero depois.

Como a malta gosta de molhos, baixo depois o lume para derreter um pouco de manteiga, juntar natas e pimenta-preta, para ser ao estilo Marrare, ou alho, óleo, um pouco de massa de pimentão e molho inglês para ser ao estilo do meu pica-pau preferido, e por aí adiante. Grelhados, podem sempre levar uma fatia de queijo cheddar, da ilha, gorgonzola e outros, alface e tomate por cima, a cebola caramelizada, bacon estaladiço e por aí adiante. Mas é essencial que o resultado final não perca os sabores e aromas originais, porque é isso que o hambúrguer é: um prato de carne. E foi para isso que escolhi os vinhos que selecionei este mês para a minha crónica. Não se esqueçam de os servir à temperatura e no copo certos.

Herdade da Bombeira Tinto

Produtor: Bombeira do Guadiana
Castas: Touriga Nacional
Ano de colheita: 2021

Este vinho é produzido na zona de Mértola, a partir de uma vinha situada à beira do rio Guadiana. No seu aroma contido e fresco, salienta-se algum floral de violetas, frutos silvestres e bosque. Na boca, apresenta uma estrutura de tanino fino, bem integrado, é elegante e fresco e tem final longo com persistência de notas de frutos secos. Um vinho que sugiro para a companhia de um hambúrguer frito com cogumelos, temperado com pimenta-preta e natas, apreciado com puré de batata e ervilhas estufadas com cebola e cenoura. Mas também vai bem com outros pratos de carne grelhada, como tirinhas, secretos e entrecosto de porco preto, por exemplo. Sirva-o a 18 ºC no copo.

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José de Sousa Reserva

Produtor: José Maria da Fonseca
Castas: Grand Noir, Aragonez e Syrah
Ano de colheita: 2018

Vinho alentejano fermentado em ânforas argelinas, de cor rubi. No seu aroma, salientam-se notas de frutos vermelhos, silvas e um toque de barro. A boca é fresca e elegante, num vinho longo, com persistência das notas minerais. Um tinto para um hambúrguer simples de queijo e cebola caramelizada na companhia de batata frita e salada de alface e tomate, mas também para uma caldeirada de borrego ou um cozido de grão, por exemplo, pois fica bem com pratos de carnes vermelhas e brancas. Servir a 16-18 ºC.

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Singular Tinto

Produtor: Quinta da Lagoa Velha
Castas: Baga e Touriga Nacional
Ano de colheita: 2017

Tinto bairradino de aroma fresco e elegante, no qual se salientam notas de fruta silvestre. Boca com estrutura de tanino fino, num vinho equilibrado, quente, com final longo com persistência de notas de fruta madura e de especiarias. Servir a 16-17 ºC no copo na companhia de um hambúrguer frito e temperado com alho, pimentão, e molho inglês na companhia de arroz branco e brócolos salteados e outros pratos de carnes vermelhas.

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Carne Churrasco

Quinta Vale D. Maria Vinha da Francisca

Produtor: Aveleda
Castas: Sousão, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Francisca e Rufete
Ano de colheita: 2020

Vinho do Douro de aroma intenso, fresco, em que se salientam notas de fruta silvestre e preta, caruma de pinheiro, cânfora e folha de tabaco. Boca fresca, com estrutura de tanino bem integrado, e final longo e persistente. Um belo vinho para os aromas das carnes vermelhas, que seria grande companhia para um hambúrguer com uma fatia de queijo azul por cima, na companhia de esparregado e batata frita. Mas também de um fondue ou de uma posta de carne mirandesa, por exemplo. Servir a 18 ºC no copo.

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