Vinhos para o peixe
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Peixes assados no forno e grelhados ficam bem com vinho servido no copo certo e à melhor temperatura
Publicado em 11-Out-2022 por José Miguel Dentinho, jornalista
Nas férias deste ano, que fiz por terras de Faro, Olhão e ilhas-barreira, descobri mais um tasco com uma grelha excelente, onde fui três vezes, para saborear sardinhas, carapaus, douradas e robalos, tudo assado por mãos experientes e sábias. A tradicional salada montanheira tinha de ser temperada pelo cliente, para não haver reclamações para os excessos, mas o xarém vinha de comer e chorar por mais. É verdade que gosto geralmente de sardinha na companhia de vinho rosé com alguma doçura, mas optei, neste caso, um tasco com vista para o campo, por vinho branco com algum corpo, um pouco mais fresco que o habitual porque ninguém aguentava o calor deste verão.
Pouco antes de ir ao Algarve estive a fazer um trabalho na região do Dão e tive direito a duas refeições de peixe, uma garoupa e um bacalhau muito bem assados no forno por um amigo, saboreados na companhia de espumante e de um branco da casta Encruzado com alguns anos. Mas tanto os peixes grelhados como os assados são pratos que ficam também bem com tintos, mais elegantes, finos e frescos, no primeiro caso, e com alguma estrutura, no segundo, sobretudo se tiverem a companhia de batatas assadas no forno, que gosto de entremear com cebola e alhos finamente cortados, e polvilhá-las com pimentão-doce. É para este tipo de pratos que vou fazer a seleção de vinhos de outubro.
Os primeiros, os grelhados, porque há e apetece comer sempre, sobretudo fora de casa. Os segundos, porque sabe muito bem fazer, e comer, peixe assado no forno a partir desta altura do ano. Pode ser apenas com um fio de azeite e alho, ao sal, ou numa cozinha um pouco mais complexa, mas é muito reconfortante arranjar à mesa um robalo, uma dourada ou um pargo, para dividir e saborear com a família, na companhia do vinho certo, servido no melhor copo e à temperatura mais correta para que mostre todo o seu potencial para proporcionar prazer.
Na sua escolha há que ter em conta que os peixes grelhados têm, se não forem escalados, sobretudo um sabor fresco, que fica bem com brancos mais finos e elegantes, com alguma acidez, enquanto aqueles que cheiram e sabem essencialmente ao fumo de carvão ou da lenha, sobretudo os escalados, precisam de brancos com um pouco mais de corpo e estrutura, ou de rosés como características semelhantes como os que apresento abaixo. Já os peixes assados no forno, sobretudo os que levam azeite, gosto de os saborear também com rosés, ou tintos como o que sugiro nesta crónica.
Prova Régia
Produtor: Sogrape Vinhos
Casta: Arinto
Ano de colheita: 2021
Este branco da região de Bucelas é um vinho de aroma muito contido, em que se salientam notas de flores brancas, lima, abacaxi e rebuçado de limão. Na boca, é fresco, com boa acidez, longo e persistente, com notas de lima e limão no final. Um vinho para a companhia de marisco e peixe fresco, que ficará bem com peixe grelhado ou ao sal. Servir a 8-10 ºC no copo.
Val Moreira Reserva
Produtor: Xvinus Companhia Enoturística
Casta: Mistura de castas de vinhas velhas
Ano de colheita: 2019
Neste branco produzido na região do Douro salientam-se aromas de chá verde, kiwi, limão e doce de laranja amarga. Na boca, é fresco, com boa acidez e final muito longo e persistente, com notas citrinas. Servir a 12 ºC na companhia de bacalhau assado no forno, ou à moda de Braga, e outros peixes. Experimente-o também com patés, como aquele simples que se faz em casa com cebola, maionese e atum.
Vale dos Barris Rosé
Produtor: Adega de Palmela
Castas: Castelão, Syrah e Aragonês
Ano de colheita: 2021
Vinho produzido na Península de Setúbal de aroma contido, no qual se salientam notas de frutos vermelhos e do bosque. Boca fresca, com alguma estrutura e textura, e um final longo e persistente. Ao prová-lo, lembrei-me logo que ficava bem com sardinha assada na brasa por quem sabe, de todas as vezes que vou até Setúbal. Experimente-o também com salmonetes grelhados e outros peixes. Servir a 10-12 ºC.
Mamoré de Borba Rosé
Produtor: Sociedade de Vinhos de Borba
Castas: Touriga Nacional
Ano de colheita: 2021
Vinho alentejano de tom rosa-claro. No seu aroma fresco, salienta-se algum floral de violetas e notas de fruta silvestre e preta madura. Na boca é fresco, com boa acidez e tem um final médio. Servir a 12 ºC no copo na companhia de pratos grelhados e cozinhados de peixe e carne. Sugiro um pregado grelhado. Mas também ficará bem com lulas recheadas com batata frita e salada montanheira ou coelho frito com batata e grelos cozidos, e pão frito.
Altitude by Duorum tinto
Produtor:
Casta: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Ano de colheita: 2020
Tinto opaco de cor rubi e aroma intenso, fresco, complexo, em que se salientam notas de fruta silvestre e preta, mais um toque de cera. Na boca, tem estrutura, mas também frescura, e um final longo com persistência de fruta. Um vinho que deve ser servido entre os 16 e os 18 ºC na companhia de pratos de carne e peixe assados no forno. Experimente-o com uma dourada temperada com cebola, alho e tomate e batatas assadas, mais uma salada de alface, por exemplo.
