Lisboa tem uma nova zona junto ao rio
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A frente de rio mais nobre da cidade, mesmo junto ao Terreiro do Paço, voltou a abrir-se aos lisboetas, com esplanadas, passeios públicos e viagens pelo rio Tejo.
Publicado em 18-Mai-2021
Isto não é (só) para turistas. Todos os alfacinhas podem e devem dar um passeio pelo Tejo, de Falua ou num dos outros barcos tradicionais que agora encontramos ancorados junto à renovada Estação Sul e Sueste. Passeios pelo rio com vista para os monumentos mais emblemáticos da cidade. Passeios rápidos, numa lógica de hop on hop off ou mais demorados, ao pôr-do-sol e até com refeições a bordo… Bem a calhar para os dias grandes e cheios de sol que se avizinham.
Quem não pretender aventurar-se rio adentro, pode também aproveitar e visitar a Vera Cruz, a réplica da caravela de Pedro Alvares Cabral, construída no âmbito das comemorações dos 500 anos da chegada ao Brasil. A Vera Cruz pertence agora à Aporvela, a Associação Portuguesa de Treino de Vela e está, também ela, ancorada junto à renovada estação fluvial, pronta para receber todos os visitantes que queiram perceber – por dentro – como eram as viagens marítimas no tempo dos descobrimentos.
A Estação Sul e Sueste é um dos pilares da renovação desta zona Ribeirinha, obra há muito aguardada por todos os lisboetas, depois de décadas de abandono. Desenhada por Cottinelli Telmo no início dos anos 1930, era um dos melhores exemplos da arquitetura modernista e Art Déco da cidade, e reconhecida como Imóvel de Interesse Público. Curiosamente, o restauro ficou a cargo da sua neta, a arquiteta Ana Costa, que procurou preservar ao máximo todos os detalhes emblemáticos do edifício, como os painéis de mármore, mosaicos e azulejos originais, que foram mantidos e restaurados.
A estação voltou assim a acolher as ligações fluviais tradicionais, os passeios pelo rio, e no lugar da antiga sala de espera da 1ª classe está agora uma bonita cafetaria com esplanada, virada para o rio, onde se destacam os azulejos originais do pintor Alves de Sá. Já a sala de espera da segunda classe é agora o Centro Tejo, um espaço interpretativo de entrada gratuita, onde se desafia a descobrir tudo o que está ligado ao rio, da construção naval aos ecossistemas, às memórias e às pessoas, de ambas as margens.
A intervenção implicou também – finalmente – a retirada do aterro no Cais das Colunas, que resultou das obras do metro daquela zona, bem como a recuperação do Muro das Namoradeiras, esse passeio com bancos de pedra ao longo do rio, “remontado” em jeito de puzzle, pois foi preciso recolocar cada pedra no seu sítio original. Ao lado, a Doca da Marinha também foi reabilitada, acolhendo uma ampla zona de passeio com bancos-espreguiçadeira, para sentar e relaxar a ver o Tejo e as gaivotas. Três quiosques com esplanada completam a oferta de restauração, e não falta sequer uma instalação de Julião Sarmento, uma das últimas obras concluídas pelo artista antes de falecer.
Com esta reabilitação os lisboetas recuperam um local de passeio perdido há 25 anos, exatamente com o mesmo traçado, onde até os oito candeeiros retirados nessa altura voltaram a ser recolocados nos lugares originais. Definitivamente, não é só para turistas.
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Por C-Studio / Cofina Media