As tradições de Natal na Europa que provavelmente não conhece
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Carvão dado como presente, vassouras que saem dos armários e gente que passa o Natal com o inimigo. Assim é (também) o Natal por essa Europa fora.
Publicado em 24-Dez-2020
Por cá há quem assista à missa do galo à meia-noite, enquanto outros abrem os presentes e outros, ainda, ceiam bacalhau. Mas por essa Europa não faltam hábitos enraizados na tradição que são, no mínimo, originais e muito surpreendentes. Começando mesmo aqui ao lado….
Catalunha e o Tió de Nadal
O Tió não consta que seja familiar de um famoso jogador de ténis, mas um célebre personagem do folclore Catalão (partilhado por algumas regiões de Aragão e da Occitânia francesa), em forma de tronco de Natal, que dá os presentes ou melhor “evacua” as prendas. E não há outra forma de explicar a não ser citando a letra de uma música que as crianças cantam enquanto batem com um pau no tronco: “Caga Tió, caga torró, i si no cagues, et donaré un cop de bastó” Perdoem-nos a frase, mas parece que em Espanha, perdão, na Catalunha, dizer palavões dá direito a presente.
As tréguas francesas
Conta-se que na noite de Natal, nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, soldados aliados e alemães fizeram uma trégua espontânea e celebraram juntos o Natal. Dai nasceu uma tradição que dura (quase) até aos dias de hoje, embora tenha caído um pouco em desuso, infelizmente. E essa era passar o 25 de dezembro com um velho inimigo, à volta de uns bons copos de vinho até fazerem as pazes.
A Befana em Itália
Em Itália, tal como em Espanha, o dia tradicional para a entrega dos presentes é o 6 de janeiro. Mas quem tem essa tarefa não são os Reis magos, nem o Pai Natal ou o menino Jesus. Segundo a tradição italiana quem distribui as prendas é uma velha senhora – geralmente representada como uma bruxa – de seu nome Befana. E a Befana ainda é mais exigente do que o Pai Natal, pois só mesmo os meninos bem-comportados as recebem. Aos outros deixa blocos de carvão, para aprenderem. Uma sorte vivermos em Portugal, pensam 99,9% das nossas crianças.
Escondam as vassouras
Reza uma lenda norueguesa que, na noite de Natal, bruxas e outros espíritos malvados saem à rua para pregar partidas e fazer todas a espécie de diabruras. Mas do que gostam mesmo é de roubar vassouras para saírem por aí a voar, e é por isso que nessa noite todas as vassouras são guardadas a sete chaves. Ou seja, se passar algum Natal na Noruega tenha muito cuidado para não deixar cair nada ao chão.
Natal em conserva
Na Alemanha, além de deixarem os sapatinhos à porta para receberem os presentes, também é costume pendurar um pickle na Árvore de Natal. Escondido na noite anterior pelos pais. Assim, no dia seguinte, as crianças de casa devem procurar o pickle e quem o encontrar tem direito a mais um presente (que não é comer o pickle, até porque hoje em dia é geralmente de vidro).
Poesia de Natal na Letónia
Na Letónia não basta ser uma criança bem-comportada para receber os presentes de Natal. Antes será necessário provar também os dotes artísticos, recitando algum poema antes de ter direito a abrir os presentes. Quem não quiser decorar poesia pode maravilhar os mais velhos com canções populares ou até tocando algum instrumento. O que não pode é chegar e começar a rasgar o papel de embrulho, como fazem nos outros países.
O gato terrível da Islândia
Quem achava que era já suficientemente mau receber carvão em Itália, não vai querer certamente ser um menino mal-comportado na Islândia, porque a pena é bem pior. Aqui são comidos pelo Gato Yule! Um felino gigante e demoníaco. Segundo o folclore, o gato é o animal de estimação da gigante Gryla e dos seus filhos, os rapazes Yule, todos eles comedores de crianças, aliás. Mas o perigo é ainda maior, pois basta não ter recebido uma peça de roupa nova nessa noite para também acabar na ementa do felino. Conta-se que a tradição tem origem nas quintas, onde os donos incentivavam os trabalhadores a processar toda a lã antes do Natal e, quem o conseguisse, era recompensado com novas peças de roupa. Esta versão do monstro devorador de pessoas foi popularizada num famoso poema tradicional, com nome de vulcão, claro: Jólakötturinn.
A parte do fantasma, na Bulgária
Quem acha que é desperdício e má educação deixar comida no prato é melhor não passar o Natal na Bulgária, ou corre um sério risco de ser muito mal interpretado. Isto porque naquele país é suposto deixar muitos e bons restos da Ceia de Natal à mesa, que assim só é levantada no dia seguinte. Isto para que os fantasmas dos antepassados se possam também banquetear à vontade. Ou isso, ou alguém encontrou uma boa desculpa para não mexer um dedo na noite de Natal.
Por C-Studio / Cofina Media