Microcarros: o futuro para a cidade
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Já lhes chamaram de tudo, “papa-reformas” e até “mata-velhos”, mas os microcarros seguiram o seu caminho e são cada mais fundamentais para a cidade.
Publicado em 29-Nov-2023
Parece evidente que os problemas de mobilidade urbana se vão agravar no futuro, à medida que as cidades vão ficando cada vez maiores e mais populosas. Sendo que atualmente boa parte dos problemas de trânsito, de estacionamento e de poluição nas grandes cidades resultam já de termos veículos demasiado grandes para o número de ocupantes e para o tipo de deslocações urbanas. Não é possível continuar a desenhar as cidades a pensar na circulação automóvel tradicional e são os carros, pelo contrário, quem terá de se adaptar ao desenho da malha urbana- É por esta razão, também, que os microcarros estão a ter cada vez mais sucesso face aos veículos tradicionais.
Com pontos de bónus, porque como são muito mais pequenos, a sua produção consome menos matérias-primas e a bateria gasta menos eletricidade. A sua pegada ecológica é, por isso, praticamente um terço de um automóvel elétrico convencional e, desta vez, Portugal criou um modelo com sérias probabilidades de sucesso à escala global.
The Tuga
Como o nome indica, o Tuga tem ADN português, e se a sede está em Vancouver, no Canadá, a engenharia e o cérebro continuam em Portugal, onde foi desenvolvido o protótipo. Trata-se de um veículo de três rodas, com 2,45 metros de comprimento por 0,88 de largura, na sua versão mais fina. Isto porque o eixo traseiro expande, a velocidades superiores, para aumentar a segurança. A estrutura está desenhada para permitir uma fácil conversão entre veículo de carga, de transporte ou descapotável, e as especificações também entusiasmam, ultrapassando largamente aquilo que é habitual neste tipo de veículos, com autonomias de 160 km e uma velocidade máxima que pode chegar aos 140 km/h – mais do que suficiente para circular em autoestrada. As pré-encomendas já começaram.
Citroën AMI
É impossível falar desta nova geração de microcarros sem referir o AMI (de “amigo”, em francês). O mais pequeno modelo da Citroën surpreendeu pelo design, com portas assimétricas, pelos interiores despojados e pelo baixo custo. Isto enquanto oferece uma velocidade máxima de 45 km/h, uma bateria com 5.5 kWh de capacidade e autonomia de 75 km. E recarregável em apenas três horas numa tomada doméstica. Desempenha um papel crucial nesta vaga de micro veículos elétricos.
Opel Rocks-e
Podem facilmente descobrir-se sete diferenças entre este Opel e o Citroën, mas nenhuma de muito importante. O Rocks-e partilha todas as soluções técnicas importantes com o seu irmão AMI (ou não fossem ambas as marcas do grupo Stellantis), divergindo nas cores e nos logos. O que curiosamente até lhe dão um ar mais irreverente, e pouco mais. Mesmo os interiores espartanos são em tudo semelhantes, a contar com o ecrã do smartphone para uma série de informações relevantes sobre o veículo, sistema de navegação e multimédia. Quanto às especificações, é ler em cima.
Inspiração vintage
Não se cometa o erro de pensar que estes microcarros são uma invenção dos tempos modernos, porque ao longo da história automóvel sempre houve uma enorme atração por produzir pequenas viaturas, as Voiturettes ou os Bubblecars, como também lhes chamaram. E de facto muitas das maiores novidades de agora surgem inspiradas nesses modelos, com tecnologia de ponta, mas design rétro. Nalguns destes casos é mesmo possível estacionar “de frente” (e não de lado) e sair diretamente para o passeio.
EVetta
O EVetta é uma nova versão do velhinho Isetta, dos anos 1950, com a mesma abertura frontal tão marcante. Só que desta vez, ao invés de ser fabricado pela BMW, é montado pela também germânica ElectricBrands. O EVetta (EV, Electric Veicule) está disponível em três modelos diferentes: o Prima (a versão standard), o Openair (descapotável) e Cargo (um comercial). Os três com uma velocidade máxima de 90 km/h e 200 km/h.
Microlino
Os suíços da Microlino também decidiram recriar o Isetta. E com o “espaço perfeito para duas pessoas e três packs de cerveja”. Para abrir no destino, espera-se. Igualmente bonito, é fabricado em Turim, no coração da indústria automóvel italiana, o que ajuda a explicar o nome… Tem autonomia para 230 km, 90 km/h de velocidade máxima e carrega-se em quatro horas numa tomada normal.
Fiat Topolino
Outra viatura de uma marca do grupo Stellantis a aproveitar a base do Citroën, mas desta vez com um rétro italian flair. O Topolino era um dos modelos mais pequenos na altura em que surgiu (1937) e, assim, continua perfeito para a cidade. Ao contrário dos irmãos, o Fiat é menos espartano e tem mais acessórios, incluindo uma coluna bluetooth como sistema de som, uma ventoinha a fazer de ar condicionado ou um par de cobertas para o banco que funcionam como toalhas de praia.
Quem pode conduzir e em que estradas?
Ao contrário do que é muitas vezes publicitado, para poder conduzir estes veículos é necessário ter carta. Como são equiparados aos quadriciclos, será necessário ter, pelo menos, carta de categoria AM ou B1. Em qualquer dos casos é necessário ter, pelo menos, 16 anos para poder tirar a licença. Naturalmente, quem possuir a carta de categoria B está habilitado a conduzir qualquer microcarro. De notar que os microcarros não podem circular em autoestradas e vias equiparadas, como é o caso da ponte Vasco da Gama. A ponte 25 de Abril também não permite a circulação deste tipo de veículos.
City Transformer CT-1
Tal como nos filmes, também este Transformer tem a capacidade de se modificar em andamento, aumentando ou diminuindo a largura entre eixos. Tal como já vimos aqui, o propósito será sempre aumentar a segurança em viagem, ou diminuir a largura, para caber melhor em espaços apertados, no trânsito, ou a estacionar. O microcarro assenta numa estrutura que tem essa capacidade modular, que vai dos 1,44 metros para um único. Tal como a velocidade máxima se ajusta entre os 90 km/h em estrada e os 45 km/h, em “modo cidade”. A autonomia, essa, chega aos 170 km.
Today Sunshine M1
Um pequeno veículo elétrico com o look de um (muito) pequeno SUV. O equipamento interior, para este tipo de veículo, é bastante completo e não falta sequer equipamento multimédia e ar condicionado. O Sunshine M1 tem uma potência de 4,5 kW, uma velocidade máxima de 50 km/h e uma autonomia de 198 km. Existe ainda a versão M2, disponível com um motor de 7,5 kW, que já permite chegar aos 80 km/h, embora a autonomia seja reduzida para 120 km.
Ligier Myli
Os franceses da Ligier há muito que propõem alguns dos melhores microcarros do mercado − e não exclusivamente elétricos. É o caso deste Myli, onde pode optar pela motorização a diesel ou a bateria. Neste caso com uma autonomia que pode chegar aos 192 km, com a bateria de 12,42 kWh. Em ambas as motorizações pode optar-se por quatro níveis de equipamento, do mais básico à versão com ecrã tátil e câmaras de ajuda ao estacionamento.