Vinhos para beber com os amigos Vinhos para beber com os amigos

Vinhos para beber com os amigos

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Agora que se aproxima o tempo de férias, é hora de ir à garrafeira para selecionar os vinhos certos para os almoços e jantares com os amigos de sempre.


Publicado em 30-Jul-2021 por José Miguel Dentinho, jornalista

Talvez poucos saibam que há um Dia Internacional dos Amigos: 30 de julho. E porque não, já que há dias designados para comemorar quase tudo o que é realmente importante, essencial ou banal? Para mim, todos os dias são bons para estar com amigos, até porque são raros nos tempos que correm. Sabem sempre melhor que os outros.

Pode ser estranho, mas a minha memória de alguns deles também se relaciona, entre muitas outras coisas, com comida, principalmente com determinados pratos que partilhámos ao longo da vida, nos diversos momentos em que estivemos juntos.

Enquanto estava a pensar na forma como iria abordar este tema, lembrei-me de que o José Manuel, um dos meus amigos mais antigos, que nos deixou há um par de anos, criou uma feijoada de feijão-branco com cebola, cogumelos, natas e queijo mozarela, temperada com orégãos, gulosa e irresistível. É certamente boa companhia para o tinto do Dão que sugiro abaixo.

Para o pianinho assado no forno com que a minha irmã Madalena me brinda quando estou de férias pelo Algarve, prefiro o tinto da Herdade da Mingorra, que tem a estrutura certa para acompanhar um prato forte como este.

Para as visitas aos meus amigos Fanã e Aurinda, que têm um belo terraço onde apetece estar e permanecer a ouvir música até ao cair da noite, selecionaria o branco da Covela para gamba manchada, conhecida pelos algarves como camarão de Quarteira, que gosto de fazer frita com alho e piripíri.

O branco Pôpa seria para a moxama de atum e o rosé de Touriga Nacional para a sardinha assada que não me canso de comer quando lá vou pelo tempo quente, com salada montanheira, pimento assado e pão do Algarve, é claro.

O Pôpa branco fermentado em ânfora também seria o vinho que escolheria para acompanhar os berbigões abertos à moda da Culatra, que tão bem o meu amigo Fernando sabe preparar, tal como para os lombos das douradas e bailas com que me brinda quando vou até à Ilha de Faro, um dos sítios onde mais gosto de estar a ver o dia a cair. São pescadas por ele, é claro.

Depois há a casa da Ana e do Licínio, que enchem a mesa de sabores variados porque têm tanto prazer em me ver, e à minha família, como nós a eles, e gostam tanto de petiscar como eu. Para lá, teria de levar pelo menos um branco, um rosé e um tinto, para que tudo se fosse conjugando a preceito. E que se pode querer mais, quando se está a comer ao ar livre na companhia de amigos? Talvez dias mais longos, até porque são momentos raros nos tempos de hoje. As possibilidades são muitas num país tão diversificado de norte a sul e do litoral para o interior.

Apenas falei, entre outros, de alguns dos bons momentos que passo no Algarve, onde os bons vinhos são sempre essenciais como parceiros da refeição e das conversas entre amigos. Mas, felizmente, também há aqueles que fazem pastéis de bacalhau e perdizes confitadas em azeite como ninguém, leitão (bem) assado à moda da Bairrada e caras de bacalhau, arroz de camarão e atum e mousse de chocolate preto sem açúcar de bradar aos céus. E todos os outros a quem não associo coisas de comer, mas com quem sabe sempre bem estar, e conversar.

Covela Arinto

Produtor: Lima & Smith
Casta: Arinto
Ano de colheita: 2020

Vinho verde de cor citrina e aroma contido, em que se salientam alguma mineralidade e notas citrinas a lembrar toranja e lima, maçã e pêssegos maduros, como os que costumo comprar na praça de Olhão e consumir na praia da Barra da Ilha da Armona. Na boca é fresco, elegante e longo, com notas citrinas no final. Um belo vinho para a companhia de ostras abertas ao natural e amêijoas e lingueirões à Bulhão Pato ou para a cataplana algarvia. Sirva-o a 10 ºC no copo.

Vinhos para beber com os amigos | Unibanco

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Pôpa Amphora branco

Produtor: Quinta do Pôpa
Casta: Brancas de vinhas velhas
Ano de colheita: 2018

Feita, no Douro, com uvas de vinhas velhas plantadas em altitude, a produção deste vinho seguiu os métodos antigos de produção em ânforas, típicos do Alentejo. É um vinho de cor palha, com aroma em que se salientam as notas de argila, fruta branca cozida e assada e alguma compota. Na boca, é elegante, envolvente, com corpo e um final longo, com aromas que lembram maçã reineta assada. Vinho para a companhia de queijos, enchidos e presuntos, que fica bem na parceria de carapaus de escabeche, choco frito e outros pratos cozinhados com origem no mar, massas de peixe e carnes brancas e pizzas. Sirva-o a 12 ºC no copo.

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Maçanita Rosé

Produtor: Maçanita Vinhos
Casta: Touriga Nacional
Ano de colheita: 2020

Vinho de cor rosa, mostra um aroma em que se salientam notas de frutos vermelhos e do bosque, com um toque de pimenta e algum rebuçado de morango. Na boca, onde é fresco e longo, tem algum amargo final que lhe dá um toque gastronómico. É um vinho que fica bem com sardinha assada e outros peixes grelhados na brasa, e serve também para a companhia de pratos de carne grelhada, como frango assado ou mesmo posta da vazia e costeleta de vitela. Sirva-o a 10 ºC no copo.

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Quinta da Ramalhosa Alfrocheiro/Touriga Nacional

Produtor: Poliglota Beers and Wines
Casta: Alfrocheiro e Touriga Nacional
Ano de colheita: 2017

Vinho do Dão de cor rubi e aroma contido, fresco e elegante, com notas de frutos pretos, silvestres e mato, e boca longa, fresca e elegante. Ficou muito bem com o prato de língua de vaca com que o provei e é bom parceiro de outros pratos de carne, como bochecha de porco estufada em lume brando com puré de batata, cabrito ou borrego assados no forno ou perdizes confitadas a baixa temperatura durante algumas horas. Pode ser bebido agora, de preferência após ser decantado, mas ganhará certamente complexidade com o tempo. Sirva-o a 18 ºC no copo.

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Mingorra Reserva 2016

Produtor: Herdade da Mingorra
Casta: Touriga Nacional, Syrah e Alicante Bouschet
Ano de colheita: 2016

Tinto alentejano de aroma contido, com notas de fruta, madeira e um toque de caixa de tabaco. Na boca, é um vinho com estrutura e elegância e final longo em que se salientam aromas que lembram ameixa preta e geleia. Servir, depois de decantado, a 17-18 ºC no copo, na companhia de presunto, tiras ou secretos de porco preto, chouriço ou morcela grelhados. Também com umas fatias de queijo seco alentejano, por exemplo.

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Por C-Studio / Cofina Media

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