Vinhos para alegrar os próximos fins de semana Vinhos para alegrar os próximos fins de semana

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana

min de leitura

São dois dias em que se consegue cozinhar com calma e criatividade, comida de conforto ou mais arrojada, e procurar conjugar depois os vinhos que temos em casa com a comida, uma forma ótima de treinar os sentidos e dar mais cor à sua vida durante o sábado e o domingo.


Publicado em 10-Nov-2020 por José Miguel Dentinho, jornalista

É a melhor altura para apreciar vinho à mesa, na companhia dos comeres que se podem criar com o tempo que sobra de um dia normal de trabalho. A experiência ainda é melhor quando é partilhada com a família e os amigos.

O aparecimento da pandemia de covid-19, causada por um vírus desconhecido até ao final do ano passado, tem tido os efeitos que temos vindo a constatar em quase todo o mundo. Um deles foi o uso do teletrabalho para manter uma parte da economia nacional e mundial em atividade, resguardando, em simultâneo, uma fração o mais significativa possível da humanidade à contaminação pela doença. Mas a existência da pandemia implica alguns desafios em casa, entre eles arranjar formas de tornar a nossa vida mais divertida, aliciante e criativa, para superar as neuras potenciais do tempo passado essencialmente entre quatro paredes, mesmo quando os computadores nos permitem viajar um pouco por todo o mundo, pelo menos virtualmente, e ter acesso a todo o tipo de informações de que precisamos. 

Para mim, o exercício físico é essencial, tal como a leitura de bons livros, dos didáticos aos de ficção, das bandas desenhadas aos policiais. Melhor que isso é o tempo que dedico à cozinha, em casa, em que mais de quarenta anos de experiência e aquisição de conhecimentos na conjugação de ingredientes e temperos me foram dando a base para fazer uma cozinha variada, que se torna ainda mais criativa aos fins de semana, quando sobra o tempo longe do trabalho e do computador. 

Para uma pessoa como eu, que goste de vinho, o fim de semana é a melhor altura para o apreciar à mesa, na companhia dos comeres que vou fazendo, desde coisas simples, como salmão com lima e gengibre ou salada de tomate com queijo mozarela, orégãos, sal e azeite, a mais complexas, como a cataplana algarvia, que na minha casa tem a companhia da versão de xarém do meu pai e de batata bem frita, o que não é fácil de fazer nos dias de hoje. Pelo meio há muita coisa, já que gosto pouco de me repetir. Nesta edição, junto alguns dos vinhos, entre os que me têm feito companhia nos recentes fins de semana, que vale a pena provar e ter em casa, em conjunto com sugestões caseiras de companhias de comida.  

Ameal Loureiro 2019

Produtor: Quinta do Ameal
Casta: Loureiro

Vinho de aroma contido, fresco, em que se salientam notas citrinas a lembrar tangerina e clementina e alguma mineralidade. Na boca é fresco, com boa acidez e final longo, persistente, com notas de casca de laranja caramelizada. É um vinho que pode ser servido agora ou durante muito mais anos, se guardado em lugar escuro, sem oscilações de temperatura e humidade. Sirva-o entre os 8 e os 10 ºC no copo, para apreciar a evolução dos seus aromas à medida que vai aquecendo. Enquanto jovem, até cerca de três anos de vida, gosto muito deste vinho com camarão ou gambas cozidas, uma parceria que repito muitas vezes, mas também com a açorda de marisco que faço por vezes aos fins de semana. Canja de amêijoas com peixe branco ou amêijoas ou conquilhas à Bulhão Pato, por exemplo, são boas companhias para este vinho com alguma idade, quando se torna mais fino e elegante, concentrado e destina-se a outras parcerias com a comida.

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Conde d’Ervideira Vinha da Água 2017

Produtor: Ervideira
Castas: Touriga Nacional, Aragonez, Trincadeira, Tinta Caiada, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon

Após o estágio em barrica, este vinho tinto do Alentejo foi engarrafado e submergido nas calmas águas do Alqueva, onde maturou a 30 m de profundidade, ao longo de oito meses. Apresenta aroma fresco, em que se salientam notas de argila, frutos vermelhos e geleia de frutos vermelhos. Na boca é fresco, com tanino fino, longo e persistente. Uma bela companhia para as carnes assadas no forno, como a versão de lombo de porco com um pouco de alho e louro e apenas um toque de pimentão, na companhia de puré de maçã e arroz branco, para absorver o molho, que costumo fazer em casa. Também de alcatra de vaca estufada no tacho, com azeite e vinho branco, cebola, cenoura e um toque de cravinho. Um esparregado de espinafres a acompanhar, mais umas batatas de forno, com este tinto diferente, fresco e elegante, e a refeição terá certamente um final feliz. Servir a 16-18 ºC no copo.

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Howard’s Folly 2016 Sonhador Tinto

Castas: Alicante Bouschet, Syrah, Aragonês e Touriga Nacional

Howard Bilton é o fundador do The Sovereign Group, consultora privada com base em Hong Kong. Além de aconselhar empresas na área da finança, tem ligações ao mundo da arte através da The Sovereign Art Foundation, projeto social de apoio a crianças com poucos recursos. Em parceria com o enólogo do Esporão, David Baverstock, criou, há mais de uma dezena de anos, a Howard’s Folly, com sede e adega em Estremoz e vinhas próprias na região de Portalegre. Este seu tinto é um vinho profundo, complexo, fresco e elegante, em que se salientam as notas de frutos vermelhos e silvestres, com um toque de cacau, pimenta e especiarias. Na boca é macio com bom volume e estrutura e uma excelente acidez a dar-lhe frescura. Final longo. Servir a 18 ºC no copo, na companhia de um peixe assado no forno, dourada, robalo ou pargo, por exemplo, um bife da vazia grelhado ou com pimenta, com arroz de manteiga, cebola, salsa e cravinho. Também é bom parceiro de queijos secos. 

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Barbeito Vinha da Torre 2002

Produtor: Vinhos Barbeito
Casta: Boal

Foi em 2002 que Ricardo Diogo Freitas, o presidente da empresa, conheceu João dos Reis, proprietário da vinha que deu origem a este vinho, atualmente cuidada pelos filhos. Desde aí, a Vinhos Barbeito vindima as uvas desta vinha do Campanário, freguesia considerada, tradicionalmente, como aquela onde a casta Boal é produzida há mais tempo na Madeira. Deu origem a um vinho Madeira de aroma complexo, com notas de frutos secos, passa de ameixa, trufa, elegante, redondo e longo na boca, fresco, seco no final. Servir entre os 10 e os 14 ºC, na companhia de queijo de ovelha ou vaca ou frutos secos no final de um dia de teletrabalho. Excelente e inspiradora companhia enquanto se prepara o jantar para a família, é também um bom parceiro para o final, na companhia, por exemplo, de uma tarte de amêndoa ou de um bolo de chocolate e nozes. 

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Vinhos para alegrar os próximos fins de semana | Unibanco

Club7, mais do que um clube

Club7, mais do que um clube

Carolina Melo Duarte e Bruno Nunes contam como foi transformar um santuário de bem-estar em algo ainda mais completo e único.