Doze vinhos para os tempos de Natal e Ano Novo Doze vinhos para os tempos de Natal e Ano Novo

Doze vinhos para os tempos de Natal e Ano Novo

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Depois de um ano difícil, um bom repasto de Natal com os melhores parceiros vínicos, que todos nós gostamos de experienciar, vai ser ainda mais saboroso, confortável e retemperador, agora com a família mais próxima.


Publicado em 17-Dez-2020 por José Miguel Dentinho, jornalista

Os meus tempos de Natal sempre foram de família. O bacalhau com batatas, ovos e couves cozidas na véspera está enraizado na minha mente. Não sei se comi outra coisa nesse dia desde que passei a ter dentes e a trincar comida, mas suponho que o meu gosto dos anos mais tenros ainda não estava apurado para comer bacalhau. Agora gosto dele com um vinho branco de inverno, com alguma estrutura, mas também apreciaria a companhia do branco de talha que sugiro abaixo, por ser sedoso na boca, apesar de o alho fresco, que gosto de acrescentar à mistura natalícia, não fazer bem ao dueto. Quando estava a provar este vinho, lembrei-me dos rissóis de camarão e peixe que havia sempre na mesa de anos da minha avó Angelina, quando recebia as amigas ao lanche do dia 2 de janeiro, uma festa depois da festa à qual eu não gostava de faltar. Recheios bem temperados e sedutores, com sabor a maresia, mais uma massa firme e crocante e ainda quentes, eram uma tentação irresistível.

Para os indefetíveis dos tintos, este bacalhau precisa de um vinho mais fresco e elegante. Gosto da parceria com os da casta Rufete da Beira Interior, ou os que incluem Pinot Noir da região de Lisboa. 

No Dia de Natal, do lado de cá da família, ou se come carne de porco à alentejana ou peru assado à moda da minha mãe, em que o dito fica de molho em água temperada com especiarias e citrinos durante dois dias, antes de ir ao forno durante algumas horas, com um recheio que é segredo de família. Para ambos os pratos, a companhia do tinto é imprescindível, claro está. 

Depois de assada, a ave é trinchada e servida democraticamente por todos com batata palha, arroz de miúdos e salada de alface, com o molho a amenizar a secura da carne branca do bicho. Claro que este ano o pássaro terá de ser de menor dimensão, dado que a família está parcelada por causa da pandemia. Mas não é razão para não se comemorar o Natal, nem comer coisas boas. 

Para as entradas de frutos secos, presunto e enchidos, há sempre um vinho do Porto Tawny, um Madeira ou um Moscatel com alguma idade, mais um espumante, para quem gosta de acompanhar tudo com este tipo de vinho, como eu. 

Para a sobremesa aprecio em particular a parceria de um Tawny 10 anos, já que há quase sempre gelado de caramelo e este Porto acompanha bem toda a doçaria de Natal, desde as fatias douradas às azevias e filhoses. Mas há sempre outras opções de vinhos fortificados para o fim do repasto, como o Moscatel de Setúbal com alguns anos ou o Madeira, e o queijo que gosto de ir picando após o final da refeição. O Porto LBV ou Vintage, se formos muitos, são para a companhia de queijo azul (stilton, cabrales, roquefort ou gorgonzola) e o colheita tardia para um chèvre (queijo de cabra) distinto como o da Granja dos Moinhos do Adolfo Henriques, da Maçussa, que está no seu auge pelo tempo frio.  

Quanto à passagem do ano, o tema vínico é sempre espumante bruto, como um dos que sugiro, do princípio ao fim da refeição. Mas há sempre brancos e rosés e tintos para quem gosta de outras companhias. Há sempre camarões cozidos, sapateira recheada, lingueirões e/ou conquilhas à Bulhão Pato, ostras ou perceves, se for possível, e salmão fumado ou atum braseado, entre outros, mais um pouco de presunto de porco ibérico ou bísaro, com bastantes meses de cura, paio do cachaço ou outros enchidos. Pão alentejano ou algarvio, um arrozinho de marisco para confortar os mais comilões, e é comer devagar, com boa conversa pelo meio, à espera que cheguem as badaladas para comer passas e abraçar toda a família presente, um a um. Este ano são menos, mas vai valer a pena, como sempre. Feliz Natal e um ano de renascimento muito melhor do que este.

Espumante Encontro Reserva

Produtor: Global Wines
Casta: Baga
Ano de colheita: 2015

Este espumante bairradino com 36 meses de estágio em cave apresenta bolha fina e persistente e mostra, no aroma, algumas notas citrinas e de fruto silvestre, brioche e frutos secos. Na passagem pela boca, é fresco e elegante, com textura fina e final longo e agradável. É um belo espumante para a companhia de mariscos, mas também de presunto ou paio do cachaço de pata negra ou cabrito assado no forno, por exemplo. Sirva-o entre os 8 e os 10 ºC no copo e guarde um pouco do final da garrafa para o brinde do ano novo.

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Quinta da Romeira Espumante Bruto

Produtor: Sogrape
Casta: Arinto
Ano de colheita: 2015

Espumante branco com origem na região de Bucelas, com aroma em que se salientam as notas de fruta citrina e branca cozida, a lembrar pera e marmelo, frutos secos e fermento de pão. Na boca, é fresco, volumoso, com final longo e persistente com aromas de fruta branca cozida. Para mim, é um bom companheiro para o bacalhau de consoada, se dispensar as couves, e do peru de Natal, que aqui por casa se tem servido por vezes no dia de Ano Novo, já que no de Natal há, por vezes, carne de porco à alentejana, que fica melhor com tinto. Mas também pode servi-lo na companhia de mariscos com sabor a mar, como ostras e perceves, entre os 8 e os 10 ºC no copo, apreciando a conjugação devagar, como devem ser as coisas boas da vida.

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Espumante Cá da Bairrada

Produtor: Caves da Montanha
Casta: Chardonnay e Pinot Noir
Ano de colheita: 2009

Este espumante, como os dois anteriores, foi distinguido com medalha de ouro no concurso internacional de espumantes Brut Experience deste ano, que decorreu em Lisboa. É um vinho com aroma no qual as notas finas de malte se juntam às de fruta de caroço e citrinas, com um paladar fresco e elegante, equilibrado, com alguma fruta no final. Deve ser servido entre os 6 e os 8 ºC na companhia de bivalves e outros mariscos crus ou cozidos, açorda de marisco, leitão assado à moda de Negrais ou da Bairrada, ou de enchidos, por exemplo.

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JJ Talha Branco

Produtor: Morais Rocha
Casta: Antão Vaz
Ano de colheita: 2019

Este vinho de talha branco alentejano mostra aroma intenso, elegante, fino, em que se salientam a notas de fruta de caroço como pêssego e alperce e alguma geleia. Na boca, é fresco, volumoso, elegante e longo. Servir a 12 ºC no copo na companhia de frutos secos e pratos de peixe, como o bacalhau natalício, ou rissóis de peixe ou camarão feitos em casa.

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Barranco Longo Grande Escolha Branco

Produtor: Quinta do Barranco Longo
Casta: Chardonnay
Ano de colheita: 2018

Este vinho regional do Algarve, com aroma em que se salientam as notas de fruta branca e exótica e alguma mineralidade, é fresco e elegante na boca, com final longo. Servido entre os 10 e os 12 ºC, é uma boa companhia para arroz de marisco ou cataplana algarvia, pratos que costumamos comer na véspera e no dia 1 de janeiro, ou peixes brancos grelhados.

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Santa Vitória Seleção Rosé

Produtor: Casa de Santa Vitória Sociedade Agro-Industrial
Casta: Alfrocheiro e Baga
Ano de colheita: 2019

Aroma contido, fresco, no qual se salientam as notas de frutos vermelhos e silvestres, e rebuçado de fruto vermelho. Na boca, é elegante, ligeiramente encorpado, longo e agradável, uma boa companhia para finger food, saladas frias, marisco e pratos de peixe e ótima companhia para todos os dias. Servir entre 8 e 10 °C.

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Dory Tinto

Produtor: Adega Mãe
Casta: Aragonês, Syrah, Pinot Noir e Touriga Nacional
Ano de colheita: 2019

Tinto da região de Lisboa de aroma intenso, em que se sente algum floral, notas de violetas, frutos silvestres e pimento vermelho, é elegante na boca, persistente, com final no qual se voltam as sentir as notas de fruta. Sirva-o a 18ºC no copo, na companhia do bacalhau tradicional de Natal, ou com outros peixes assados no forno, como o robalo, a dourada ou o pargo. Também fica bem com arroz de pato ou cabrito assado, outros dois comeres que passam pelo forno.

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Quinta da Mimosa Tinto

Produtor: Casa Ermelinda Freitas
Casta: Castelão
Ano de colheita: 2017

Vinho de cor granada, concentrado, rico em taninos de boa qualidade, com aromas a lembrar frutos silvestres e vermelhos maduros confitados, conjugados com a madeira de estágio, que lhe dá um toque a baunilha e de especiarias. Fim de boca persistente e muito prolongado. É boa companhia de pratos de carne vermelha grelhada, assados no forno, caça ou queijos de aroma intenso.

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Tons de Duorum Tinto

Produtor: João Portugal Ramos
Casta: Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz
Ano de colheita: 2018

Vinho de aroma intenso, com algumas notas florais, em que se salientam as de frutos silvestres e vermelhos, a lembrar framboesas. Na boca tem uma boa acidez, taninos suaves e maduros e um final fresco e elegante, que faz dele um bom parceiro para uma carne de vitela assada no forno, uma posta grelhada na companhia de batata assada ou carne de caça, por exemplo. Servir a 17-18 ºC no copo.

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Regateiro JR Tinto

Produtor: Regateiro Vinhos de Família
Casta: Touriga Nacional, Baga e Castelão Francês
Ano de colheita: 2017

Tinto bairradino de aroma intenso, frutado, em que se salientam os frutos vermelhos, silvestres e algum pimento vermelho. Na boca, tem alguma estrutura, é fresco e longo, com algumas notas de fruta no final. Um grande companheiro de pratos de carnes grelhadas ou assadas e queijos de pasta dura, que deve ser servido a 15-16 ºC.

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Quinta da Gaivosa Porto Tawny 10 Anos

Produtor: Alves de Sousa
Casta: Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Barroca, entre outras

Vinho do Porto com aroma complexo, em que se salienta alguma geleia de fruta vermelha e notas de caramelo e especiarias da madeira. É envolvente e sedoso na boca, onde tem um final longo e sedutor. Servir a 15 ºC no copo de vinho do Porto, na companhia de queijos de vaca ou ovelha, frutos secos, fatias douradas, filhoses e outros doces de Natal, tortas de Azeitão, pastéis de nata, leite-creme ou lampreia de ovos.

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Bacalhôa Moscatel de Setúbal Superior 10 Anos

Produtor: Bacalhôa Vinhos de Portugal
Casta: Moscatel de Setúbal
Ano de colheita: 2003

Esta marca é produzida com uvas da casta Moscatel de Setúbal plantada nas colinas da serra da Arrábida em Azeitão. Vinho de aroma intenso e complexo, com notas de flor de laranjeira e citrinos, figos secos e nozes, mais alguma geleia, mostra textura agradável e gosto harmonioso na boca, em que é longo e persistente. É bom parceiro de bolos e doces com chocolate preto, como a mousse do dito, o brigadeiro e o bolo de chocolate com nozes, só para dar três exemplos e fica ainda bem com torta de laranja e frutos secos.

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Por C-Studio / Cofina Media

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