A hora dos grelhados A hora dos grelhados

A hora dos grelhados

min de leitura

Há coisa melhor do que carne ou peixe grelhados no carvão, saboreados numa esplanada, na companhia de um bom vinho? Só se tiver uma vista simpática, que nos ajude a sentir ainda melhor.


Publicado em 08-Abr-2021 por José Miguel Dentinho, jornalista

Há rotinas de fim de semana de primavera/verão que gosto de repetir. Trabalho a partir de casa há mais de 20 anos e os primeiros dias bem iluminados, em que o Sol aquece a temperatura do ar, dão-me sempre vontade de pôr o nariz na rua para fazer mais alguma coisa do que compras ou o pequeno-almoço na pastelaria da terra.
A praia é essencial, para as longas caminhadas de beira-mar que gosto de dar. Também para as paragens para refrescar o corpo e olhar as embarcações a passar sobre a água, as ondas a enrolar-se com os surfistas a cavalo, ou apenas para a linha do horizonte, porque me dá sempre a sensação do número infinito de hipóteses que o futuro pode ter, se quisermos.

Sabor das brasas

Tudo isto é algo que abre o apetite e me traz sempre à memória os grelhados. Quando estou com paciência para um serviço mais calmo, fico logo ali, pela praia da Costa de Caparica onde costumo ir, para um peixinho grelhado no carvão com batatas cozidas com casca e salada, na companhia de um vinho branco fresco, pouco floral no nariz, mas com textura e estrutura para aguentar as notas de carvão da grelha, como qualquer um dos brancos que sugiro abaixo. Por vezes, vou até Setúbal, principalmente quando as sardinhas despontam nos mercados, porque as grelham como só as terras de pescadores o sabem fazer. E como em equipa que ganha não se mexe, costumo ir sempre ao mesmo sítio, uma esplanada de rua, até porque o sabor das sardinhas me lembra aquelas que como em casa dos amigos, quando vou ao Algarve matar saudades. Mas, para estas, costumo preferir a companhia de rosés ou alguns tintos mais frescos. Ficarão para mais tarde.
Os tintos que sugiro aqui são, como é evidente, para pratos de carne, grelhada ou confecionada de outras formas.

Secretos e plumas

O confinamento tem-me feito sonhar, mais amiúde, com as idas à esplanada de rua da minha irmã, em Faro, para comer um franguinho com molhinho especial e picante, na companhia de batatas fritas que induzem o pecado e salada com os inevitáveis orégãos. E com os secretos e plumas que gosto de ir saborear ao restaurante do campo de futebol do Palmense, em Lisboa, com direito a ver alguns golos em direto, ou a posta na esplanada do Jardim da Luz, que raramente costuma falhar em termos de cozedura. É o usufruto de pequenos prazeres, como os sabores de grelha na esplanada, que todos tomamos como certos, que me está a fazer mais falta. Em abril, se a maioria dos portugueses se continuar a portar bem, e de forma civilizada, como tem acontecido nos últimos tempos, iremos, espero, matar saudades destes bons momentos.

Quinta do Paral Colheita Branco

Produtor: Herdade Tinto e Branco
Casta: Antão Vaz, Verdelho, Vermentino e Viognier
Ano de colheita: 2018

Vinho branco de cor citrina, produzido no Alentejo na região da Vidigueira. No seu aroma intenso, com alguma mineralidade, salientam-se as notas citrinas a lembrar limão e toranja, frutos tropicais e maçã. Na boca, é alegre, ligeiramente untuoso, mas também fresco, com um final longo e persistente, com notas tropicais. Consumir a cerca de 10 ºC no copo, na companhia de peixes grelhados, mariscos e carnes brancas.

A hora dos grelhados | Unibanco

A hora dos grelhados | Unibanco

Parceiros na Criação Dote Branco

Produtor: Parceiros na Criação
Casta: Vinhas Velhas do Douro e Fernão Pires do Tejo
Ano de colheita: 2018

Este branco foi produzido com uvas da região do Douro e do Tejo, para dar origem a um vinho de cor palha, com aroma complexo, no qual se salientam as notas de flor de laranjeira, mel e fruta de caroço a lembrar pêssego e alperce, que também se sentem no final de boca, em conjunto com notas tostadas, a lembrar amêndoas torradas. É encorpado, fresco e longo. Um belo parceiro de camarão e outros mariscos grelhados e também de peixes brancos e bacalhau na brasa, de alguns queijos secos e pratos de massa. Sirva-o entre os 12 e os 14 ºC no copo.

A hora dos grelhados | Unibanco

A hora dos grelhados | Unibanco

Mamoré da Talha Moreto 2019

Produtor: Sociedade dos Vinhos de Borba
Casta: Moreto
Ano de colheita: 2019

Este vinho foi produzido a partir de uvas da casta Moreto, uma das variedades tintas mais tradicionais do Alentejo, que foi caindo em desuso. É Este vinho foi produzido a partir de uvas da casta Moreto, uma das variedades tintas mais tradicionais do Alentejo, que foi caindo em desuso. É um vinho de talha, feito segundo o processo tradicional, em talhas de barro pesgadas com cera de abelha e resina de pinheiro. É um vinho de aroma fino, com notas de fruto vermelho e barro cozido. Na boca, é fresco, elegante, com final médio com alguma fruta em passa. É bom parceiro de grelhados de porco preto e borrego, por exemplo, lasanha e carne bolonhesa, ou para ir petiscando salpicão e outros enchidos alentejanos.

A hora dos grelhados | Unibanco

A hora dos grelhados | Unibanco

Vinha de Santa Maria Reserva Especial

Produtor: Magnum Carlos Lucas Vinhos
Casta: Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Tinto Cão
Ano de colheita: 2017

Vinho do Dão de aroma contido, marcado pelas notas de madeira, frutos silvestres e pretos e um toque de pimenta. Na boca, é concentrado, tem estrutura, e um final longo e elegante, com notas frutadas. Servir a 16-18 ºC na companhia de grelhados de carnes vermelhas e assados no forno. Gostei da companhia que fez, cá em casa, a um arroz de cabidela de um galo de belo porte, servido algum tempo antes para o vinho mostrar todo o seu potencial para proporcionar prazer.

A hora dos grelhados | Unibanco

A hora dos grelhados | Unibanco

Por C-Studio / Cofina Media

Club7, mais do que um clube

Club7, mais do que um clube

Carolina Melo Duarte e Bruno Nunes contam como foi transformar um santuário de bem-estar em algo ainda mais completo e único.