A arte de bem petiscar depois da praia A arte de bem petiscar depois da praia

A arte de bem petiscar depois da praia

min de leitura

Não há nada como uma mesa cheia de coisas boas para aguçar o apetite e reconfortar o corpo da moleza da praia. O vinho é indispensável, é claro.


Publicado em 11-Jun-2021 por José Miguel Dentinho, jornalista

Se há coisa que gosto de fazer quando estou na praia, é uma boa caminhada à beira da água. A areia é mais firme e a água das ondas vai refrescando, quando lhe apetece, pés e pernas. Os adultos têm aquele ar descontraído dos momentos de lazer e, de vez em quando, ouvem-se os gritos de alegria das crianças que brincam na areia. A linha do horizonte, essa, parece sempre cada vez mais longe, lembrando que há sempre coisas que podem ser feitas e as possibilidades são infinitas.

Os banhos nas idas e vindas, que se sucedem, ajudam a retemperar o corpo do calor do sol e vão abrindo o apetite para os petiscos de almoços sempre tardios, principalmente nos dias de férias. Para o satisfazer só há duas opções, ou se come em casa, para se pôr na mesa aquilo que nos apetece, ou fora, onde é mais difícil de satisfazer desejos petisqueiros.

Eu prefiro fazê-lo em casa. Claro que isso implica pelo menos uma ida ao supermercado na véspera e/ou ao mercado no dia, antes da ida à praia, o que só é satisfatório para gente mais madrugadora que o resto da família, como eu.

Há coisas quase obrigatórias que gosto de ver sempre na mesa, como um presunto de porco ibérico ou bísaro com algum tempo de cura, alguns enchidos curados ao ar e outros fumados, queijos sempre variados, porque detesto a monotonia, salmão e bacalhau fumados, azeitonas, de preferência britadas, pão. Depois há os camarões cozidos, fritos ou grelhados em casa, as conquilhas ou amêijoas à Bulhão Pato, os berbigões abertos ao natural, os lingueirões abertos na chapa, as ostras ou os perceves, as sapateiras e as santolas recheadas. É verdade que isto tudo não está todos os dias presente nas minhas mesas de férias. Mas quase todos desfilam durante o período em que as vou passar no Algarve, para estar com a família. Os dois brancos que sugiro abaixo são boas companhias para quase tudo o que está acima. Já o espumante, um dos meus parceiros preferidos nas mesas de férias, vai mesmo com tudo, pelo menos para mim e outros aficionados, incluindo pratos de carne grelhada com alguma ou muita gordura, como costeletas de borrego e secretos ou plumas de ibérico e outros suínos. Já me estou a ver a apreciar um espumante com algum tempo de estágio, como o que sugiro abaixo, bem devagar, na companhia inicial de algumas ostras abertas ao natural, uma salada de ovas de pescada ou de polvo, um polvo à galega, seguidas de pedaços de carne grelhada, só com algum sal por cima. Há momentos realmente prazerosos na vida.

Como também gosto de saladas de coelho e orelha, ovos mexidos com farinheira e rotos, espargos verdes com piripíri e alho, cogumelos salteados com bacon e outros petiscos, para além das sugestões de carne, é essencial a presença de um tinto à mesa. Provei, há pouco tempo, o que sugiro abaixo, um Douro de 2011 com muita personalidade e uma relação qualidade/preço elevada. Tem a vantagem de já estar pronto para beber, e ainda ter potencial para muitos anos de guarda. Boas férias.

Julian Reynolds Branco 2018

Produtor: Reynolds Wine Growers
Casta: Arinto
Ano de colheita: 2018

Vinho alentejano de aroma fresco, no qual se salientam as notas de fruta tropical a lembrar abacaxi e de fruta branca cozida. Na boca, é fresco, longo e persistente, mas também volumoso e texturado. Ficou muito bem com uma pizza que pedi num restaurante de Lisboa com mozarela fresca, tomate seco, azeitonas, salame picante e manjericão, mas também é bom parceiro de diversos pratos de peixe e mariscos, servido entre os 11 e os 12 ºC no copo.

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

Coleção Privada DSF Riesling Branco

Produtor: José Maria da Fonseca
Casta: Riesling
Ano de colheita: 2019

Este vinho, selecionado pelo enólogo Domingos Soares Franco a partir de uvas da casta Riesling plantada no Douro, é grande parceira para tarde petisqueira a seguir à praia. É um vinho de aroma fresco, em que se salientam as notas de fruta de caroço e minerais. Na boca, é elegante, fresco e longo, com alguma doçura final. Apreciei a sua companhia com queijo de Azeitão e presunto ibérico de entrada, e depois com um ceviche de garoupa e pimento vermelho e amarelo, seguido de tártaro de novilho e de atum bem partidinho com um toque de wasabi e molho de soja. No final, foram umas migas de tomate com atum braseado. Sirva-o entre os 10 e os 12 ºC.

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

Espumante Quinta do Cerrado da Porta extra bruto

Produtor: Cerrado da Porta
Casta: Arinto
Ano de colheita: 2015

Este espumante produzido na região de Lisboa teve um estágio em garrafa de 34 meses, que contribuiu para tornar mais complexa a sua prova. É um vinho com bolha fina e uma boca fresca, elegante, de final longo e persistente, no qual se salientam os aromas de brioche, algum citrino e um toque de fruta branca, à semelhança do que se tinha sentido pelo olfato. Deve servir-se a 6-8 ºC, na companhia de ostras, perceves e outros mariscos, salmão fumado polvilhado com alcaparras e um toque de lima, saladas de polvo, bacalhau, búzios e ovas ou ovos rotos ou mexidos com farinheira.

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

Quinta da Silveira Reserva

Produtor: Quinta da Silveira
Casta: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Ano de colheita: 2011

Um tinto de cor rubi/granada, com aroma complexo, fresco e elegante, em que se salientam notas de fruta preta, silvestre e vermelha, alguma compota e baunilha da madeira de estágio. Na boca, é um vinho com estrutura, tanino fino e de final longo e persistente, no qual se salientam notas de compotas de frutos pretos. Para beber agora ou durante muito mais anos, se conservado no local certo, na companhia de carnes vermelhas grelhadas, como plumas ou secretos, posta ou costeleta de vaca, pica-pau, saladas de coelho e orelha de porco e fígado de cebolada partidinho, para ir depenicando. Também vai bem com queijos secos e de pasta dura de vaca e ovelha. Servir a 18 ºC.

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

A arte de bem petiscar depois da praia | Unibanco

Por C-Studio / Cofina Media

Club7, mais do que um clube

Club7, mais do que um clube

Carolina Melo Duarte e Bruno Nunes contam como foi transformar um santuário de bem-estar em algo ainda mais completo e único.